Caboclo, preto velho, criança. Quem são estes? São espíritos apegados a seus costumes antigos? São ignorantes que não evoluíram? Os caboclos são índios que morreram? E os pretos velhos? É verdade que são velhos escravos? E como ficam as crianças? Já encarnaram, nunca viveram aqui? E aí?
As perguntas acima trazem mitologias, crendices e dissonâncias em nome da doutrina de Umbanda. Tudo isso porque muitos não entendem os fundamentos reais da religião, e, logicamente, seus arquétipos de trabalho.
Desde a instituição da Umbanda, o que vemos muitos relacionar com a religião é a palavra "humildade". Este vocábulo é usado para tudo dentro da crença que seguimos. Desta forma, não queiramos encontrar em terreiros sérios (de Umbanda) entidades se vangloriando e exibindo seus "incríveis poderes espirituais".
Cada arquétipo umbandista é, na verdade, uma roupagem utilizada para trabalho, assim como em casas kardecistas, espíritos se transfiguram de médicos para ajudar aos necessitados. Na Umbanda, esta caracterização é diferente. Ao invés de médicos e demais doutores, encontramos espíritos que pertencem a uma linha de trabalho, ou seja, entidades que possuem o mesmo campo de atuação, mas de formas diferentes (por forma diferente se entende a particularidade de cada entidade e a linha vibracional que a rege). É como se aquela entidade que se apresenta como preto velho tivesse escolhido (ou pedido, usem a palavra que acharem melhor) trabalhar naquela determinada área. Lá, ele desenvolve uma magia específica, conhece o que deve fazer e como ajudar os necessitados. Ou seja, aquele espírito está, literalmente, trabalhando como um preto velho. Sua profissão é ser um preto velho. Assim também ocorre com as outras falanges. A entidade que transfigura aquela roupagem é um trabalhador de uma linha específica (no exemplo, a tradicional linha das almas) que segue regras e mistérios daquela determinada atividade.
Apesar de sabermos que o trabalho dos arquétipos se restringe a uma vestimenta, entendemos que para se ocupar um grau de caboclo, preto velho ou criança é preciso uma evolução espiritual muito grande. Ou seja, apenas espíritos extremamente evoluídos moral e intelectualmente poderão usufruir de tais roupagens. Como já dissemos nesta página, as crianças são grandes magos da espiritualidade. Aí você pode se perguntar: Então porque se apresentam como seres pequeninos e brincalhões? Justamente para realizar seus trabalhos sem ser reconhecidos. Como dissemos, a Umbanda é humildade. A roupagem infantil (assim como as demais aqui citadas) é a melhor ferramenta para grandes magos que, ao trabalharem no bem, não desejam ser reconhecidos pelos seus atos. É justamente por isso que vemos inúmeras entidades com nomes similares no trabalho de Umbanda. Para estes espíritos, o que interessa não é a forma de falar, o nome ou a vestimenta, mas sim, o seu trabalho e o bem estar de seus assistidos.
A partir de tudo o que aqui foi apresentado, a conclusão fácil que conseguimos obter é que os espíritos que apresentam vestimentas de caboclo não foram (obrigatoriamente) índios, de pretos velhos, não foram (obrigatoriamente) escravos e nem negros, de crianças, não foram (obrigatoriamente) crianças quando morreram cedo, etc.
A Umbanda é um campo de trabalho espiritual onde todos são aceitos e todos são "ocultados". O passado não é importante. O que vale é ajudar o próximo a crescer e se desenvolver. Todos aprendem e os grandes mestres ensinam sem precisarem de qualquer vanglória ou agradecimento.
ONIBEJADA!
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