sexta-feira, 26 de abril de 2013

O que há por trás dos arquétipos da tríplice de Umbanda?

Caboclo, preto velho, criança. Quem são estes? São espíritos apegados a seus costumes antigos? São ignorantes que não evoluíram? Os caboclos são índios que morreram? E os pretos velhos? É verdade que são velhos escravos? E como ficam as crianças? Já encarnaram, nunca viveram aqui? E aí? 
As perguntas acima trazem mitologias, crendices e dissonâncias em nome da doutrina de Umbanda. Tudo isso porque muitos não entendem os fundamentos reais da religião, e, logicamente, seus arquétipos de trabalho.
Desde a instituição da Umbanda, o que vemos muitos relacionar com a religião é a palavra "humildade". Este vocábulo é usado para tudo dentro da crença que seguimos. Desta forma, não queiramos encontrar em terreiros sérios (de Umbanda) entidades se vangloriando e exibindo seus "incríveis poderes espirituais".
Cada arquétipo umbandista é, na verdade, uma roupagem utilizada para trabalho, assim como em casas kardecistas, espíritos se transfiguram de médicos para ajudar aos necessitados. Na Umbanda, esta caracterização é diferente. Ao invés de médicos e demais doutores, encontramos espíritos que pertencem a uma linha de trabalho, ou seja, entidades que possuem o mesmo campo de atuação, mas de formas diferentes (por forma diferente se entende a particularidade de cada entidade e a linha vibracional que a rege). É como se aquela entidade que se apresenta como preto velho tivesse escolhido (ou pedido, usem a palavra que acharem melhor) trabalhar naquela determinada área. Lá, ele  desenvolve uma magia específica, conhece o que deve fazer e como ajudar os necessitados. Ou seja, aquele espírito está, literalmente, trabalhando como um preto velho. Sua profissão é ser um preto velho. Assim também ocorre com as outras falanges. A entidade que transfigura aquela roupagem é um trabalhador de uma linha específica (no exemplo, a tradicional linha das almas) que segue regras e mistérios daquela determinada atividade. 
Apesar de sabermos que o trabalho dos arquétipos se restringe a uma vestimenta, entendemos que para se ocupar um grau de caboclo, preto velho ou criança é preciso uma evolução espiritual muito grande. Ou seja, apenas espíritos extremamente evoluídos moral e intelectualmente poderão usufruir de tais roupagens. Como já dissemos nesta página, as crianças são grandes magos da espiritualidade. Aí você pode se perguntar: Então porque se apresentam como seres pequeninos e brincalhões? Justamente para realizar seus trabalhos sem ser reconhecidos. Como dissemos, a Umbanda é humildade. A roupagem infantil (assim como as demais aqui citadas) é a melhor ferramenta para grandes magos que, ao trabalharem no bem, não desejam ser reconhecidos pelos seus atos. É justamente por isso que vemos inúmeras entidades com nomes similares no trabalho de Umbanda. Para estes espíritos, o que interessa não é a forma de falar, o nome ou a vestimenta, mas sim, o seu trabalho e o bem estar de seus assistidos.
A partir de tudo o que aqui foi apresentado, a conclusão fácil que conseguimos obter é que os espíritos que apresentam vestimentas de caboclo não foram (obrigatoriamente) índios, de pretos velhos, não foram (obrigatoriamente) escravos e nem negros, de crianças, não foram (obrigatoriamente) crianças quando morreram cedo, etc. 
A Umbanda é um campo de trabalho espiritual onde todos são aceitos e todos são "ocultados". O passado não é importante. O que vale é ajudar o próximo a crescer e se desenvolver. Todos aprendem e os grandes mestres ensinam sem precisarem de qualquer vanglória ou agradecimento.

ONIBEJADA!

domingo, 14 de abril de 2013

Tríplice da Umbanda: O que é?

Seja qual for a doutrina da casa de Umbanda que o leitor siga, o incontestável é o respeito aos fundamentos passados pelo Sr. Caboclo das 7 Encruzilhadas, na institucionalização de nossa doutrina. O caboclo fundamentou a Umbanda, direcionou seus princípios, e assim, todos, que se dizem "umbandistas" devem seguí-los, pois tais fundamentos não são ensinamentos de uma entidade isolada, mas sim, do fundador da Umbanda em nosso planeta.
A mesma entidade falou de uma tríplice de vibrações, que seriam as três principais linhas de trabalho do culto umbandista. Estas três linhas seriam representadas pelos caboclos, pretos velhos e crianças. A tríplice representa o topo da hierarquia de espíritos da Umbanda. Essas três vibrações possuem fundamento e não é apenas uma escolha premeditada e aleatória.
Lembramos, no entanto, que não é o fato de termos citado acima a linha dos caboclos antes da linha dos pretos velhos e das crianças que esta é mais importante. Quando se fala da tríplice, não existe importância maior de uma linha ou de outra. Vamos entender agora um pouco do arquétipo trazido por cada linha de trabalho.
Os caboclos representam os espíritos de índios (primeiros habitantes do território brasileiro), o que não
quer dizer que tenham sido índios em suas últimas encarnações terrenas. A simbologia que trazem é referente a humildade, uma das qualidades primordiais da Umbanda. Servem para mostrar a fase adulta de desenvolvimento do ser humano. São eles normalmente guias de terreiros e/ou cabeceira da maioria dos médiuns. Ao incorporarem, sempre gritam (grito que recebe a denominação de 'ilá', segundo algumas tradições umbandistas). Este grito, além de característico do povo índígena, serve para dissipar larvas astrais e depósitos fluídicos condensados, fazendo uma limpeza no ambiente através da energia sonora. São ótimos para fazer descarrego, sendo considerados grandes médicos. Os nomes mais conhecidos de caboclos são: Pena Branca, Pena Verde, Mata Virgem, Ubiratão, Pedra Preta, Pedra Grande, etc.
Os pretos velhos trazem o arquétipo representativo dos escravos e demais negros que ajudaram a formar a cultura brasileira. Representam a sabedoria da melhor idade. Mostram a fase idosa do ser humano, zelando, dentro da instituição Umbanda, pelo respeito á população de terceira idade. Utilizam de uma fala sem muito capricho, simples e humilde, como dizem nossos vovôs e vovós encarnados. Muitos gostam de benzer. São exímios conselheiros, grandes psicólogos da Umbanda. Alguns tomam café, outros comem rapadura, e praticamente todos utilizam de cachimbos ou fumos diversos. Estes, ao serem baforados contra o rosto do consulente ou algum lugar da casa, produzem um ácido que destrói miasmas astrais possivelmente presas no ambiente ou na pessoa. Os nomes mais conhecidos de pretos velhos são: Pai José, Pai Joaquim, Vovó Maria, Pai João, Vovó Benedita, Pai Benedito, etc.
As crianças (erês, ibeji, dois dois) representam a outra origem formadora do povo brasileiro: os europeus. Trazem a alegria
da infância, o jeito doce e inocente de lidar com as situações da vida, mesmo que estas pareçam muito adversas. Possuem, como o próprio nome já diz, o arquétipo de crianças, capazes de divertir a todos, fazendo com que o consulente esqueça, por instantes aquele horrível problema que o levou ao terreiro. A principal característica moral desta vibração é despertar a alegria e a inocência. São os grandes magos da espiritualidade. Tem fama no dito umbandista: "Trabalho que erê faz nenhuma outra entidade desfaz". Ao brincar e/ou rir, estão realizando enormes e diversos trabalhos na casa de umbanda ou nos consulentes. E nós, tolos (ou bons pacientes) raramente nos damos conta de 1% de tudo isso. Utilizam muito o guaraná, que ajuda a energizar o médium e elevar a sua vibração tendo por fim uma conexão mais firme com a energia desta linha, muito diferente da nossa. Seus nomes característicos são: Mariazinha, Florzinha, Pedrinho, Paulinho, Aninha, Zezinho, etc.
É bem observando os fundamentos das três linhas que percebemos como a Umbanda é maravilhosa. É nesta doutrina que temos a consciência que podemos aprender e muito com criança, adulto e idoso. É nesta doutrina que vemos que o maior sábio não é aquele que mais estuda, mas sim aquele que sabe simplificar a vida em um grito, em uma baforada ou até em uma brincadeira inocente. Esta é a Umbanda, que tanto encanta a todos. Salve as três linhas! Salve toda a Umbanda! 

ONIBEJADA!